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28/07/2020

O Dia em Que a Terra Parou


“O Dia em Que a Terra Parou” (The Day the Earth Stood Still) é um filme dos Estados Unidos de 1951 que narra a visita de um ser alienígena à Terra (Klaatu) e o seu apelo para a paz entre os povos do planeta. O filme foi um apelo pacifista ao fim da guerra fria, que estava ainda na sua fase inicial. A história foi refilmada em 2008 com outra abordagem.

No começo de 2020, não foi um personagem vindo do espaço que fez a Terra parar. Foi um microscópico ser vivo e invisível aos olhos humanos. 

A pandemia de coronavírus e as medidas de restrições  econômicos como os lockdowns em diversos países provocaram uma queda sem precedentes do chamado “ruído sísmico” causado pela atividade humana, informaram cientistas.

São Paulo vazia na quarentena.
São Paulo vazia durante a quarentena.

O efeito registrado pelos sismógrafos é semelhante ao normalmente visto no meio da noite e durante os períodos de férias. Só que o gerado pela pandemia durou de março a maio e abrangeu quase todos os cantos do planeta numa impressionante calma global nunca vista na história da pesquisa de terremotos.

O trabalho, publicado na revista Science, tem um conjunto enorme de autores. São 76 cientistas de 27 países. Os instrumentos contam uma história consistente: a superfície da Terra tornou-se calma e silenciosa quando o vírus se espalhou pelo planeta no início deste ano. Afetada pela pandemia de coronavírus, a atividade humana diminuiu quando os países começaram a fechar suas economias e instar as pessoas a se envolverem em distanciamento social.

“Você jamais poderia esperar  que uma doença aparecesse em um sismógrafo”, disse ao a Washington Post a coautora do estudo Celeste Labedz, candidata a doutorado em geofísica no Instituto de Tecnologia da Califórnia.

O estudo reuniu dados de 268 estações e mostrou um efeito de calma em quase todos os lugares. Chegaram relatórios da Turquia, Chile, Costa Rica, Canadá, Austrália, Irã e até do minúsculo Luxemburgo, além de muitos outros países. 

Alguns dos sismógrafos estão em centros urbanos e campus universitários, mas outros estão em locais remotos no deserto ou nas montanhas. O efeito foi mais forte foi visto no Sri Lanka, onde uma estação sofreu uma redução de 50% no ruído. No Central Park da cidade de Nova York, a queda noturna foi de 10%. Os locais remotos não viram efeito porque não são atingidos pela atividade humana normalmente.

Esse novo banco de dados pode ajudar os cientistas a distinguir melhor os tremores naturais fracos daqueles causados pela atividade humana, escreveram os pesquisadores. Além disso, poderia ser uma ferramenta para monitorar a atividade durante pandemias sem a polêmica de privacidade gerada pelo monitoramento feito hoje por celular.